Publicada em 06 de novembro de 2010 · 21:40
Roberto Jóia - Clinica Literaria / Ururau
Região viveu um drama com a poluição do Rio Paraíba
Um novo vazamento de lixívia, da empresa Cataguases de Papel e Celulose volta a preocupar autoridades e a região pode voltar a sofrer com contaminação, o que aconteceu de forma desastrosa no ano de 2003 e novamente de forma inferior, em 2007.
Desde a última semana é possível perceber uma coloração escura com espuma branca no Rio Pomba, que começou em Santo Antônio de Pádua e que já chegou em Aperibé, no noroeste de estado.

O Estado se mobilizou e imediatamente entrou no circuito, afim de evitar novo drama. O presidente do INEA, Luiz Firmino Martins confirmou que o índice de turbidez está bem acima do limite, o que fez com que o estado determinasse a paralisação do lançamento dos dejetos no rio.
O superintendente do órgão, Renne Justen, declarou que o lançamento de lixívia estaria sendo feito com autorização da Agência Nacional das Águas (ANA), o que teria sido encomendado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), que após fazer uma avaliação, entendeu ser esta uma forma prudente para evitar que haja um novo desastre ambiental, já que o reservatório de lixívia estaria muito cheio. Mas haveria uma determinação para que o derramamento fosse feito de forma controlada.
O INEA foi até o local esta semana para realizar uma avaliação e reduziu a vazão que era de 100 metros cúbicos por hora, para 30 metros cúbicos.
O rejeito conhecido também como licor preto, é resultante do cozimento da madeira para a extração da celulose e composto, basicamente, de hidróxido de sódio e material orgânico. De acordo com especialistas, este material pode ser diluído, rapidamente, pela correnteza do rio, mas vale ressaltar que este é o período do defeso, momento onde fica proibida a pesca por conta da piracema (reprodução dos peixes), além do fato de o rio está com baixo nível.
Também há a preocupação real, de que outras substâncias químicas podem estar misturadas a ele, afetando ainda mais o ecossistema, o que só poderá ser constatado com as análises técnicas a serem realizadas.
O DRAMA DE DEZENAS DE MUNICÍPIOS E A MORTANDADE DE PEIXES
No dia 29 de março de 2003 aconteceu um dos maiores desastres ecológicos em toda a região, que contaminou os Rios Pomba e o Paraíba do Sul, causado pelo vazamento de resíduos químicos (lixívia) do reservatório da Indústria Cataguases de Papel e Celulose, localizada na região da Zona da Mata mineira. Ao todo foram diretamente afetadas oito cidades do norte do Rio de Janeiro e mais 39 da Zona da Mata Mineira, originando prejuízos ao ecossistema e à população ribeirinha, que teve o abastecimento de água
interrompido.
O volume de rejeitos sólidos despejados com o vazamento foi superior a 1,4 milhões de m3, material resultante do cozimento da madeira para a extração da celulose, composto basicamente de hidróxido de sódio e material orgânico, além de chumbo, enxofre, hipoclorito de cálcio, sulfeto de sódio, antraquinona e outros metais utilizados na fabricação de papel.
O drama vivido por pescadores e famílias que vivem basicamente da pesca chocou o país e o tema virou notícia nacional durante várias semanas. Multas foram aplicadas a empresa, mas quem mais “pagou” foi a natureza.
O resultado da análise de amostras coletadas na época, pela Feam em quatro pontos da área de influência do reservatório não indicaram a presença de compostos orgânicos tóxicos em concentrações elevadas. A análise não identificou também no córrego Cágado e no rio Pomba metais pesados, acima dos limites determinados pela legislação ambiental.
De acordo com a Feam, os compostos orgânicos são constituídos por lignina, hidrocarboneto e aldeídos. Os elementos de maior concentração identificados na amostra do resíduo foram alumínio, ferro e sódio. Ainda segundo a análise, o pH das águas já apresentava valores próximos da neutralidade nos pontos coletados. ..........................................
Ururau
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