A formação dos BRICS deu a nós, cidadãos dos países assim classificados, uma oportunidade de aprender uns com os outros, pois de outra forma permaneceria cada um em seu continente. Esse seminário foi uma oportunidade de reunir atores da sociedade civil desses países em desenvolvimento acelerado. Todos sabemos que o G20 foi criado para lidar com a crise econômica mundial. No entanto, quando alguns países dentro do G20 perceberam a necessidade de se posicionar coletivamente frente à sua marginalização no regime econômico mundial, eles formaram um subgrupo chamado BRICS, a saber, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Também sabemos que, assim como o G20 não tem uma estrutura permanente, os BRICS também começaram como um clube desligado. Isso que dizer sem prestação de contas, sem relatoria e sem a participação da sociedade civil. Vemos este seminário como um passo importante pelo qual a sociedade civil reivindica seu espaço no fórum dos BRICS.
Agora é muito importante que a sociedade civil desses países tracem estratégias para suas intervenções. Há uma necessidade de estabelecimento de uma estratégia de longo-prazo que não dependa de eventos ou cúpulas organizados pelo G20 ou pelos BRICS. Precisamos desenvolver esse relacionamento entre sociedades civis que também podem ter um papel importante no discurso mundial. Sabemos que esses países chamados de economias emergentes também abrigam recursos naturais de suma importância, grandes populações e um número bem elevado de pessoas em situação de pobreza. É do interesse da sociedade civil desses países agir como ponte entre os continentes. Precisamos iniciar uma campanha de incidência política junto aos nossos respectivos governos para que seja criado um C-BRICS, nos moldes do C20.
Em segundo lugar, os BRICS também são vistos como doadores emergentes e estão desempenhando um papel muito importante no apoio ao desenvolvimento em outros países em desenvolvimento e em países menos desenvolvidos. A sociedade civil também tem a importante tarefa de acompanhar a natureza do apoio dados pelos BRICS, e observá-lo de perto. Houve incidentes nos quais alguns países do BRICS praticaram extração de recursos naturais e compra de terras. Atualmente, a tendência mundial é que a ajuda seja oferecida entre governos, ficando para a sociedade civil apenas um papel de apoiador à margem. Chega-se até mesmo a transferir tecnologias rejeitadas e perigosas aos países menos desenvolvidos disfarçadas de cooperação técnica. A sociedade civil deve condenar isso, pois vai contra a base do espírito da Cooperação Sul-Sul.
Infelizmente, a sociedade civil de muitos países em desenvolvimento se sente desconectada de plataformas mundiais, como G20, BRICS e IBAS, em sua luta diária com questões nacionais. Apesar de esses países serem chamados de países emergentes, ainda há extrema pobreza, desamparo e subnutrição. A sociedade civil local ainda luta para resolver esses problemas. Além disso, questiona a legitimidade dessas instituições e se sente mais confortável trabalhando com a ONU. A Sociedade Civil Indiana, por exemplo, tem muito contato e muita influência na ONU, mas não vemos uma motivação parecida quando se trata de estabelecer relação com os o G20, o IBAS ou BRICS. Até os parlamentares e a mídia têm menos interesse. Na verdade, há poucas pessoas no governo das quais sabemos que trabalham com esses novas plataformas mundiais.
Portanto, é necessária uma colaboração maior entre a sociedade dos países BRICS para exigir prestação de contas de estruturas como o G20 e os BRICS. Temos de monitorar a formação do banco dos BRICS. E, por fim, exigir o espaço legítimo da sociedade civil no sistema dos BRICS.
Fonte:http://www.ong-ngo.org/pt/opiniao/english-brics-civil-society-unite-or-face-the-consequences/