quarta-feira, 9 de julho de 2008

G8 assume meta de redução de CO2 e discute biocombustíveis e alimentos

8/7/2008
Por Sabrina Domingos
Os setes países mais ricos do mundo e a Rússia (que compõem o G8) assumiram nesta terça-feira a meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em 50% até 2050. Os cortes já haviam sido propostos por Japão, Canadá e União Européia durante a última reunião do grupo, realizada em 2007 na cidade de Heiligendamm, na Alemanha. Para atingir a meta estipulada, os líderes contam com a colaboração das nações emergentes. Apesar de não serem aceitos como novos membros do G8, Brasil, China e Índia também devem cortar as emissões para que se alcance os resultados esperados.
O encontro, que iniciou nesta segunda segunda-feira (07) e segue até amanhã (09) na ilha japonesa de Hokkaido, tem entre os temas centrais as mudanças climáticas, o desenvolvimento das nações mais pobres (África, principalmente), assim como questões políticas internacionais e economia global.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta quarta-feira de uma reunião ampliada que inclui os líderes do G8+5, do qual fazem parte Brasil, China, Índia, África do Sul e México. O controle de emissão de gases deverá ser o foco das discussões nessa Reunião dos Líderes das Grandes Economias sobre Mudança do Clima, com o presidente Lula discursando a favor do etanol brasileiro.
Os biocombustíveis têm sido assunto freqüente entre os membros do encontro principalmente por serem vistos como a peça-chave para a crise dos alimentos no mundo. Na última semana, um relatório do Banco Mundial estimou em 75% a responsabilidade dos biocombustíveis no aumento dos preços globais dos alimentos. A demanda por grãos, milho e cana-de-açucar teriam impulsionado a alta.
Instituições internacionais também questionam a cadeia produtiva dos biocombustíveis, considerada tão ou mais agressiva ao meio ambiente do que os combustíveis fósseis. Outra preocupação é o avanço das culturas sobre áreas de floresta, que estaria provocando o desmatamento da Amazônia. Argumento rebatido pelo governo brasileiro – que afirma haver terras agricultáveis suficientes no país para aumentar a produção sem afetar a floresta.
No cenário internacional, os esclarecimentos feitos pelo presidente Lula sobre a diferença entre o etanol de cana-de-açucar e o de milho (produzido pelos EUA) tem surtido algum efeito. As menções aos biocombustíveis durante o encontro do G8 estão vindo geralmente acompanhadas de uma ressalva ao álcool brasileiro.
O objetivo de Lula no encontro é justamente reforçar a idéia de que os biocombustíveis - particularmente os produzidos pelo Brasil - não são os responsáveis pelo aumento global nos preços dos alimentos e que eles podem ser uma alternativa viável para reduzir a dependência mundial do petróleo e ao mesmo tempo ajudar a combater o aquecimento global.
O país anfitrião da cúpula também defende esse pensamento. "Com a ameaça das mudanças climáticas, todos os olhos estão voltados para o Brasil, que tem um modelo de biocombustíveis que pode ser seguido em outros países", comenta Tomohiko Taniguchi, subsecretário de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Japão. Para ele, "o presidente Lula está em uma boa posição para mostrar ao mundo como resolver essa equação, produzindo biocombustíveis eficientemente".
Mais adiante
Para desvincular a produção de combustíveis da crise alimentícia, o foco agora é o desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda geração - produzidos a partir de matérias-primas que não são usadas como alimento. O Brasil pretende liderar a nova tecnologia com base no pioneirismo com que comanda as pesquisas de etanol de primeira geração. O próximo passo é processar o bagaço da cana e a palha que costuma ficar no campo para a geração de energia e combustível.
O Japão também se propõe a incentivar a produção sustentável de biocombustíveis. Para isso, já desenvolve um projeto para a futura produção de etanol a partir da celulose. Na semana passada, em Brasília, o Instituto de Ciência e Tecnologia do Japão firmou acordo com a Universidade Federal do Rio de Janeiro para pesquisa técnica na área de biomassa.
Fonte: Carbono Brasil.